Textos simples com desenhos para colorir sobre as origens do carnaval no Brasil e no mundo.
Origem do Carnaval no Brasil
O Carnaval, a festa mais popular do Brasil, acontece em fevereiro ou março, nos três dias que antecedem a Quaresma. E uma festa móvel, ou seja, não tem data fixa.
Não se sabe exatamente como o Carnaval surgiu. Parece que teve origem na Antiga Roma.
O Carnaval brasileiro começou com o entrudo, festa popular trazida pelos portugueses. O entrudo manifestou-se no período do Brasil colônia e também no Império. Em Recife existe até hoje. Nesta festa, os foliões jogavam uns nos outros água, ovos, farinha, pós de vários tipos, como o cal, etc. Como as comemorações fossem ficando cada vez mais violentas, o entrudo acabou sendo proibido.
A primeira escola de samba, a Deixa Falar, data de 1920. Hoje, as escolas de samba são sociedades civis registradas, constituídas por grupos de foliões organizados e fantasiados que disputam prêmios en¬tre si. Cantam sambas-enredo com temas em que figuram lendas, mitos, acontecimentos históricos, grandes vultos brasileiros. As maiores e mais famosas são as do Rio de Janeiro. Quem já não ouviu falar na Portela, na Estação Primeira de Mangueira, no Império Serrano, na Beija-Flor, na Imperatriz Leopoldinense, na Mocidade Independente de Padre Miguel?
Os desfiles das escolas de samba são espetáculos muito conhecidos, que atraem milhares de turistas do mundo inteiro. O desfile obedece a certas regras, dentre as quais a apresentação de abre-alas, comissão de frente, porta- bandeira e mestre-sala e passistas.
Vários ritmos já animaram o Carnaval, mas hoje predominam o samba, as marchas carnavalescas e o frevo. Entre os grandes compositores de músicas carnavalescas do passado, podem ser citados: Chiquinha Gonzaga. Noel Rosa, Pixinguinha, Lamartine Babo, Ari Barroso.
Origem do Carnaval no Mundo
A mistura da tradição européia com os ritmos musicais dos africanos criou no Brasil um dos maiores espetáculos populares do mundo. O carnaval nasceu no Egito, passou pela Grécia e por Roma, foi adaptado pela Igreja Católica e desembarcou aqui no século XVII, trazido pelos portugueses. Viva a folia!
“Quem foi que inventou o Brasil?/ Foi seu Cabral, foi seu Cabral/ No dia vinte e dois de abril/ Dois meses depois do Carnaval” (História do Brasil, Lamartine Babo, 1934)
Com a História do Brasil, Lamartine Babo (1904-1963) fez mais do que o grande hit de 1934: deu uma definição clássica da festa e do país. A altura desta, só a de Assis Valente (1911-1958), em Alegria: “Minha gente era triste, amargurada/ Inventou a batucada/ Prá deixar de padecer/ Salve o prazer/ Salve o prazer”.
Abaixo do Equador, onde não existe pecado, a fusão da tradição européia com a batucada africana libertou o Carnaval na plenitude. Em nenhum lugar, ele adquiriu a dimensão que alcançou no Brasil. Durante quatro dias, o país fica fechado para balanço. Ou melhor: fica aberto para só balançar. E se entrega ao espetáculo que seduz e deslumbra os estrangeiros.
A farra toda vem do inconsciente dos povos, desde os rituais da fertilidade e as festas pagãs nas colheitas.
Remonta às celebrações à deusa Isis e ao touro Apis, no Egito, e à deusa Herta, dos teutônicos, passando pelos rituais dionisíacos gregos e pelos licenciosos Bacanais, Saturnais e luoercais, as suntuosas orgias romanas.
As Saturnais eram comemoradas de 16 a 18 de dezembro, em homenagem a Saturno. Tribunais e escolas fechavam as portas, escravos eram alforriados, dançava-se pelas ruas em grande e igualitária algazarra. A abertura era um cortejo de carros imitando navios, com homens nus dançando frenética e obscenamente os carrun navalis. Para muitos, deriva daí a expressão carne vale.
No dia 15 de fevereiro, comemoravam-se as Lupercais, dedicadas à fecundidade. Os lupercos, sacerdotes de Pã, saíam pelados, banhados em sangue de cabra, e perseguiam os transeuntes batendo-lhes com uma correia.
Em março, os Bacanais homenageavam Baco (o deus grego Dionísio em versão romana), celebrando a primavera inspirados por Como e Momo, entre outros deuses.
Assumindo o controle da coisa, a Igreja fez o que pôde para depurar a permissividade igualitária dos carnavais. No século VI, adotou essas festas libertárias que invertiam a ordem do cotidiano, para domesticá-las. A festa virou encenação litúrgica, corrida de corcundas, disputa de cavaleiros e batalha urbana de ovos, água e farinha. Juntou todas as festas na véspera da Quaresma como uma compensação para a abstinência que antecede a Páscoa. O Carnaval, então, espalhou-se pelo mundo. Desembarcou no Brasil no século XVII. Aqui, virou um dos maiores espetáculos do mundo.
O antropólogo Roberto DaMatta define a folia como um rito de inversão, que subverte as hierarquias cotidianas: transforma pobre em faraós, ricos em mascarados, homens em mulheres, recato em luxúria. E uma compensação da realidade. Inventamos a batucada para deixar de padecer.
Ricardo Arnt. In: Revista Superinteressante, fevereiro/95 – texto adaptado.